quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A igualdade nos acompanha desde que nascemos. Será?

Como já dizia John Locke, “o ser humano é uma tabula rasa”, ou seja, nascemos como um livro de páginas em branco e escrevemos nossa história através de nossa existência. De certa forma ele está correto, existe lógica neste conceito, apesar de o ser humano não nascer tão “limpo” como John Locke expressa em sua frase. Nascemos sim com algumas tendências, e é o meio em que vivemos que servirá como válvula de escape para que estas tendências se confirmem ou não. Outro filósofo já dizia que “o ser humano nasce idôneo, é a sociedade que o corrompe”, quem proferiu esta frase foi Jean-Jacques Rousseau, porém sua tese é um pouco controversa, já que apesar de o meio social sempre influenciar nossas atitudes, nem sempre o faz de forma direta, ou seja, nos torna produto do que vivenciamos. Para exemplificar tal afirmativa, podemos utilizar como parâmetro uma família humilde que vive em um meio social violento, que possui dois filhos criados com as mesmas condições e no mesmo ambiente, porém um deles acaba na vida do crime e o outro continua sua vida de forma idônea, conquistando tudo através de seus estudos e trabalho. Vendo por este ângulo, qual seria sua explicação para justificar o fato de haverem dois caminhos para pessoas criadas da mesma forma e no mesmo lugar, se segundo Rousseau todos nascemos em igualdade de condições? Bom, prefiro acreditar que não nascemos em condições tão igualitárias assim, somos diferentes deste a nossa concepção, o meio interferirá em nossas decisões direta ou indiretamente, mas caberá a nós, e somente a nós decidir qual a vertente a qual escolheremos, pois como todos já estão cansados de saber, somos seres únicos dentro de uma mesma espécie, cada qual com comportamentos exclusivos, que por vezes se assemelham com o de outros e somente isso.

Partindo deste pressuposto, poderemos explicar porque a maioria de nós, senão todos, em algum momento somos corruptos ou corruptíveis, ou seja, vez ou outra buscamos tirar vantagem sobre algo ou alguém, ou talvez nos deixemos levar pelo famigerado jeitinho Brasileiro. Isso não significa que somos todos fora de lei, mas sim que somos causa e conseqüência de tudo que vivemos e/ou experimentamos, através de influências recebidas de nosso meio social, porém o tamanho e a proporção das conseqüências resultantes desta influência será determinada por nós mesmos, à medida que tomamos nossas próprias decisões a partir do que por nós é concebido como certo, mas que para os demais pode ser errado.

Vivemos envoltos em controvérsias, criando exceções à medida que criamos novas regras, dizemos que é errado mentir, mas às vezes mentir se faz necessário, sabemos que roubar é proibido e imoral, mas roubamos se nos for conveniente, pois o roubo nem sempre é material, existem diversos tipos de roubos e roubar é algo que fazemos inconscientemente várias vezes ao dia. Estamos atolados em conveniências, ou seja, só fazemos o que pode nos gerar vantagens, somos aversos a ônus, não gostamos de cobranças, aliás, odiamos ser cobrados, mas adoramos cobrar, com razão ou sem razão estamos sempre cobrando uns aos outros, isso faz parte da máquina social, já que alguém tem que pagar a conta e ninguém quer ser o fiador, todos querem ser credores, e é por isso que existe a corrupção, para nos provar que não somos tão idôneos quanto imaginávamos que éramos e nem tão dignos quanto dizemos ser, pois existirá um momento em que as máscaras caem e cada um revela sua verdadeira face, que em muitas das vezes é tão horrível que preferimos vê-los ostentando suas máscaras, já que o feio nos incomoda, querendo admitir ou não todos vivemos de aparências, e devemos mantê-la o melhor apresentável possível, pois ela é a garantia de aceitação perante a sociedade, que não está nem aí par o que você é realmente, mas sim para o que você aparenta ser, é duro admitir, mais é a mais pura verdade, para sermos aceitos devemos nos dissociar, viver em equilíbrio entre o que se é em essência e o que se é perante a sociedade, não existe possibilidade de unir ambas vertentes nos dias de hoje, quem tentar certamente ficará louco, pois como dizia Erasmo de Rotterdam, “A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos”.

Assim sendo, procure balancear suas atitudes, pois não poderás ser sempre correto e nem deve procurar tirar vantagem sobre tudo, às vezes é preciso abrir mão de algumas coisas para conquistar outras, e é nesta hora que você mostra quem é realmente, pois estará utilizando sua sabedoria e boa parte do que é em essência, mostrará seu verdadeiro caráter, o que poderá prejudicá-lo perante os demais, mas lhe dará uma enorme paz de espírito, já que fizeste o que te parecia certo, e não o que os outros esperariam que você fizesse por acha que eles estavam com a razão, descobrindo então que você não é apenas um fantoche e não vive a mercê dos julgamentos alheios.

By: Rivaldo Yagi

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